Para que serve a Astrologia?
Muitas pessoas ainda percepcionam a astrologia como uma forma
de predizer acontecimentos, como uma ferramenta disponível para “controlar” a
vida ou, pelo menos, torná-la menos imprevisível. Todos temos necessidade de
segurança, de certeza… necessidade de ter um senso de permanência.
Historicamente e, ainda para muitos, a Astrologia servia para preencher estas
necessidades. O desenvolvimento do Ser Humano e o desenvolvimento da sua
complexidade psicológica fez com que, pelo menos do meu ponto de vista, não
seja mais possível continuar a percepcionar a Astrologia desta forma
limitadora. Se até há pouco tempo um homem nascia e vivia dentro dos limites
ambientais e sociais, hoje já não é bem assim. Até há pouco tempo era fácil
predizer acontecimentos – nascias escravo, escravo serias. Nunca o símbolo teve
tanto poder como hoje. O símbolo ajuda-nos a percepcionar padrões, não
acontecimentos… e os padrões podem tomar uma multiplicidade de formas. Ficar
retido na forma limita a aprendizagem. Integrar e harmonizar o padrão potencia
a liberdade. O símbolo é o meio que nos pode transportar para a maior viagem da
nossa vida - o encontro connosco, o caminho para o inteiro. O ambiente e a
sociedade podem ainda ter um papel limitador importante na nossa vida, mas
ganhámos a liberdade da escolha. Para muitos esta liberdade ainda não é
completamente consciente e, por isso, procuram no exterior realização. Procuram
transformar o ambiente, as condições sociais… Procuram através do ter,
alimentar a semente que está plantada em cada um de nós e que cada vez mais
grita por fogo, ar, terra e água – a semente que nos leva à procura de Sentido,
Propósito. Todos Somos e a Astrologia é uma linguagem que nos possibilita
descobrir o que está a impedir, o que está a tapar e bloquear o que Somos. O
auto-conhecimento possibilitado pela linguagem astrológica abre-nos um
verdadeiro caminho de individuação, um verdadeiro caminho que nos possibilita
ir no sentido da totalidade.
Hoje, há cada vez mais pessoas que procuram no
desenvolvimento pessoal, no auto-conhecimento, um “caminho” que lhes traga
respostas no sentido de encontrarem um significado, um propósito maior para a
sua existência. Ver o Universo como uma ordem inteligente e ver a vida de cada
um de nós com um propósito evolutivo dentro dessa ordem, abre-nos, de facto,
possibilidades infinitas dentro do caos aparente do dia a dia. Nós mudámos e a
Astrologia também.
“Antigamente, afirmava-se que o verdadeiro propósito da
filosofia era a procura da essência e da natureza oculta das coisas
manifestadas, com base no Amor à Sabedoria. Em termos actuais, isto poderia ser
chamado de uma procura de um nível arquetípico da realidade. A despeito de todo
o conhecimento que temos acumulado, não podemos encontrar significado em parte
alguma, excepto nos campos que apontam para uma Unidade entre o Homem e o
Universo. Esta Unidade e essa relação entre o Homem e o Universo são as únicas
suposições sobre as quais a Astrologia está baseada” – In Astrologia,
psicologia e os quatro elementos – Stephen Arroyo
"... tenho uma afectuosa consideração pelos astrólogos
que lutam para estabelecer a astrologia sobre bases mais seguras e confiáveis,
através de técnicas "científicas"; e, em especial, por aqueles que se
propõem a "repensar a astrologia" em termos de conceitos mais
filosóficos e harmónicos. A minha única meta ao propor esta abordagem
"humanista" foi enfrentar as actuais tendências à despersonalização
que tanto ameaça a nossa civilização ocidental, bem como situar a pessoa humana
no lugar que lhe é devido na astrologia; isto é, bem no âmago das suas
preocupações. Eu me interesso por pessoas, não por um sistema ou profissão –
pessoas que vivem e se esforçam no sentido de realizar a totalidade do seu
potencial de Ser, AGORA” – Dane Rudhyar Astrologia Tradicional e Astrologia Humanista.
A astrologia é uma linguagem simbólica e, o seu propósito não
é tanto o que vamos encontrar no caminho, mas revelar-nos qual o nosso padrão
energético. “O mapa simboliza o padrão das várias manifestações vibratórias que
constituem a expressão individual neste plano de criação” (Stephen Arroyo). O
objectivo está em permitir que as forças inconscientes se tornem mais
conscientes e com isso, libertar o potencial criativo de cada um de nós.
A Astrologia estuda a relação simbólica do Todo com a Parte,
ao longo do Tempo. Cada um de nós traz um potencial para realizar. Trazemos
também padrões que impedem a realização desse potencial. A astrologia é
sobretudo uma ciência de ciclos… tudo
está sempre em processo e, como ensina uma das leis herméticas “Assim como em
cima, assim é em baixo” “Assim na Terra como no Céu”. O “Céu” é uma
representação simbólica do que se passa na Terra.
“Carl Gustav Jung mostrou, além de qualquer dúvida, que os
principais agentes motivadores da vida, presentes na psique individual, e os
padrões psicológicos globais, presentes em culturas inteiras, são factores
arquetípicos na psique humana. Esses arquétipos são essenciais na camada
psicológica da vida. Jung descreve os arquétipos como princípios universais que
são a base e a motivação de toda a vida psicológica, individual e colectiva.
Tanto na Astrologia como na mitologia, esses princípios
universais constituem o principal campo de estudo, sendo que a diferença entre
elas está no facto de que a mitologia dá ênfase às manifestações culturais dos
arquétipos, em vários planos. Enquanto a astrologia utiliza, como sua
linguagem, os próprios princípios arquetípicos essenciais, para poder
compreender as forças e as configurações fundamentais presentes tanto na vida
individual quanto cultural.
Em qualquer cultura, o mito serve, idealmente, como uma força
vitalizante, porque mostra o relacionamento do homem com uma realidade maior,
mais universal. Os Deuses da mitologia (exactamente como os planetas da
astrologia) representam forças e princípios vivos existentes no universo e na
vida de cada um de nós” – Stephen Arroyo
Enquanto astróloga, identifico-me com uma abordagem Holística
da Astrologia, onde o principal objectivo é integrar conscientemente o
indivíduo no Cosmos. Tal como o Macrocosmos, o indivíduo (microcosmos) é uma
unidade organizada onde estão presentes todas as forças do Universo.
Assim, no tipo de astrologia que pratico, não são os
acontecimentos que são importantes, e sim, a atitude de cada um de nós perante os
acontecimentos.
Neste tipo de Astrologia, não há lugar para julgamento, não
há bom ou mau, sorte ou azar. Tudo É! E, por isso, assumirmo-nos como os
grandes criadores da nossa vida dá-nos a responsabilidade das escolhas e a
Liberdade da criação. Tudo vai estar dependente do significado que a cada
momento atribuímos à experiência. A vida é vista como um todo, de forma
ritmada, cíclica… tudo está em determinada fase de um ciclo, tudo está em
constante processo. Cabe a cada um de nós ampliar a sua auto-percepção porque,
na verdade, acredito que é a única forma de ampliarmos positiva e
construtivamente a nossa experiência…. E tudo se passa em Mim no AGORA. Quanto
mais consciência tivermos maior liberdade de escolha temos e menor
previsibilidade haverá. A verdade é que, pelo menos da minha experiência, cada
vez menos me importo com isso. A nossa auto-aceitação leva-nos à aceitação da
vida e, com isso, passarmos a ser co-criadores da nossa realidade.
“Venha o que vier não
será maior do que a minha Alma”. Fernando Pessoa
Vera Braz Mendes
Gostei muito Vera e relembrar o Arroyos foi importante. Obrigado.
ResponderEliminarObrigada António! Tb gosto mto do Arroyo c quem tive a sorte de fazer um Ẅorkshop há uns anos. Bj
EliminarMuito esclarecedor e valioso este texto Vera!! Continuada inspiração para comunicares estas forças que se tornam conscientes na nossa transformação pessoal. Obrigada!! Beijinho grande
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