sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Para que serve a Astrologia?


Para que serve a Astrologia?




 
 
 


Muitas pessoas ainda percepcionam a astrologia como uma forma de predizer acontecimentos, como uma ferramenta disponível para “controlar” a vida ou, pelo menos, torná-la menos imprevisível. Todos temos necessidade de segurança, de certeza… necessidade de ter um senso de permanência. Historicamente e, ainda para muitos, a Astrologia servia para preencher estas necessidades. O desenvolvimento do Ser Humano e o desenvolvimento da sua complexidade psicológica fez com que, pelo menos do meu ponto de vista, não seja mais possível continuar a percepcionar a Astrologia desta forma limitadora. Se até há pouco tempo um homem nascia e vivia dentro dos limites ambientais e sociais, hoje já não é bem assim. Até há pouco tempo era fácil predizer acontecimentos – nascias escravo, escravo serias. Nunca o símbolo teve tanto poder como hoje. O símbolo ajuda-nos a percepcionar padrões, não acontecimentos… e os padrões podem tomar uma multiplicidade de formas. Ficar retido na forma limita a aprendizagem. Integrar e harmonizar o padrão potencia a liberdade. O símbolo é o meio que nos pode transportar para a maior viagem da nossa vida - o encontro connosco, o caminho para o inteiro. O ambiente e a sociedade podem ainda ter um papel limitador importante na nossa vida, mas ganhámos a liberdade da escolha. Para muitos esta liberdade ainda não é completamente consciente e, por isso, procuram no exterior realização. Procuram transformar o ambiente, as condições sociais… Procuram através do ter, alimentar a semente que está plantada em cada um de nós e que cada vez mais grita por fogo, ar, terra e água – a semente que nos leva à procura de Sentido, Propósito. Todos Somos e a Astrologia é uma linguagem que nos possibilita descobrir o que está a impedir, o que está a tapar e bloquear o que Somos. O auto-conhecimento possibilitado pela linguagem astrológica abre-nos um verdadeiro caminho de individuação, um verdadeiro caminho que nos possibilita ir no sentido da totalidade.

Hoje, há cada vez mais pessoas que procuram no desenvolvimento pessoal, no auto-conhecimento, um “caminho” que lhes traga respostas no sentido de encontrarem um significado, um propósito maior para a sua existência. Ver o Universo como uma ordem inteligente e ver a vida de cada um de nós com um propósito evolutivo dentro dessa ordem, abre-nos, de facto, possibilidades infinitas dentro do caos aparente do dia a dia. Nós mudámos e a Astrologia também.


“Antigamente, afirmava-se que o verdadeiro propósito da filosofia era a procura da essência e da natureza oculta das coisas manifestadas, com base no Amor à Sabedoria. Em termos actuais, isto poderia ser chamado de uma procura de um nível arquetípico da realidade. A despeito de todo o conhecimento que temos acumulado, não podemos encontrar significado em parte alguma, excepto nos campos que apontam para uma Unidade entre o Homem e o Universo. Esta Unidade e essa relação entre o Homem e o Universo são as únicas suposições sobre as quais a Astrologia está baseada” – In Astrologia, psicologia e os quatro elementos – Stephen Arroyo


"... tenho uma afectuosa consideração pelos astrólogos que lutam para estabelecer a astrologia sobre bases mais seguras e confiáveis, através de técnicas "científicas"; e, em especial, por aqueles que se propõem a "repensar a astrologia" em termos de conceitos mais filosóficos e harmónicos. A minha única meta ao propor esta abordagem "humanista" foi enfrentar as actuais tendências à despersonalização que tanto ameaça a nossa civilização ocidental, bem como situar a pessoa humana no lugar que lhe é devido na astrologia; isto é, bem no âmago das suas preocupações. Eu me interesso por pessoas, não por um sistema ou profissão – pessoas que vivem e se esforçam no sentido de realizar a totalidade do seu potencial de Ser, AGORA” – Dane Rudhyar Astrologia Tradicional e Astrologia Humanista.


A astrologia é uma linguagem simbólica e, o seu propósito não é tanto o que vamos encontrar no caminho, mas revelar-nos qual o nosso padrão energético. “O mapa simboliza o padrão das várias manifestações vibratórias que constituem a expressão individual neste plano de criação” (Stephen Arroyo). O objectivo está em permitir que as forças inconscientes se tornem mais conscientes e com isso, libertar o potencial criativo de cada um de nós.  

A Astrologia estuda a relação simbólica do Todo com a Parte, ao longo do Tempo. Cada um de nós traz um potencial para realizar. Trazemos também padrões que impedem a realização desse potencial. A astrologia é sobretudo uma ciência de ciclos…  tudo está sempre em processo e, como ensina uma das leis herméticas “Assim como em cima, assim é em baixo” “Assim na Terra como no Céu”. O “Céu” é uma representação simbólica do que se passa na Terra.

“Carl Gustav Jung mostrou, além de qualquer dúvida, que os principais agentes motivadores da vida, presentes na psique individual, e os padrões psicológicos globais, presentes em culturas inteiras, são factores arquetípicos na psique humana. Esses arquétipos são essenciais na camada psicológica da vida. Jung descreve os arquétipos como princípios universais que são a base e a motivação de toda a vida psicológica, individual e colectiva.

Tanto na Astrologia como na mitologia, esses princípios universais constituem o principal campo de estudo, sendo que a diferença entre elas está no facto de que a mitologia dá ênfase às manifestações culturais dos arquétipos, em vários planos. Enquanto a astrologia utiliza, como sua linguagem, os próprios princípios arquetípicos essenciais, para poder compreender as forças e as configurações fundamentais presentes tanto na vida individual quanto cultural.


Em qualquer cultura, o mito serve, idealmente, como uma força vitalizante, porque mostra o relacionamento do homem com uma realidade maior, mais universal. Os Deuses da mitologia (exactamente como os planetas da astrologia) representam forças e princípios vivos existentes no universo e na vida de cada um de nós” – Stephen Arroyo

Enquanto astróloga, identifico-me com uma abordagem Holística da Astrologia, onde o principal objectivo é integrar conscientemente o indivíduo no Cosmos. Tal como o Macrocosmos, o indivíduo (microcosmos) é uma unidade organizada onde estão presentes todas as forças do Universo.

Assim, no tipo de astrologia que pratico, não são os acontecimentos que são importantes, e sim, a atitude de cada um de nós perante os acontecimentos.

Neste tipo de Astrologia, não há lugar para julgamento, não há bom ou mau, sorte ou azar. Tudo É! E, por isso, assumirmo-nos como os grandes criadores da nossa vida dá-nos a responsabilidade das escolhas e a Liberdade da criação. Tudo vai estar dependente do significado que a cada momento atribuímos à experiência. A vida é vista como um todo, de forma ritmada, cíclica… tudo está em determinada fase de um ciclo, tudo está em constante processo. Cabe a cada um de nós ampliar a sua auto-percepção porque, na verdade, acredito que é a única forma de ampliarmos positiva e construtivamente a nossa experiência…. E tudo se passa em Mim no AGORA. Quanto mais consciência tivermos maior liberdade de escolha temos e menor previsibilidade haverá. A verdade é que, pelo menos da minha experiência, cada vez menos me importo com isso. A nossa auto-aceitação leva-nos à aceitação da vida e, com isso, passarmos a ser co-criadores da nossa realidade.


Venha o que vier não será maior do que a minha Alma”. Fernando Pessoa


 

Vera Braz Mendes

3 comentários:

  1. Gostei muito Vera e relembrar o Arroyos foi importante. Obrigado.

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    1. Obrigada António! Tb gosto mto do Arroyo c quem tive a sorte de fazer um Ẅorkshop há uns anos. Bj

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    2. Muito esclarecedor e valioso este texto Vera!! Continuada inspiração para comunicares estas forças que se tornam conscientes na nossa transformação pessoal. Obrigada!! Beijinho grande

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