segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Balança - Espelho mágico


 
 
E chegámos a Balança (Libra). Signo cardeal, do elemento Ar e regido por Vénus, ocupa a sétima casa no Zodíaco natural, casa exactamente oposta à primeira, o Ascendente, representado por Carneiro. Se Carneiro e a primeira casa representam o Sol nascente, a força do impulso do romper do dia, toda a energia, vitalidade, possibilidade que cada novo alvorecer traz, Libra e a sétima casa, representam o Sol poente e todos os ensinamentos da experiência concreta vivida. Como já escrevi anteriormente, quando pensamos em Balança pensamos em justiça, parceria, relação a dois, relações sociais… Arte. É a busca da harmonia, do equilíbrio. Na justiça, na arte ou nos relacionamentos buscamos harmonia, buscamos proporção – a proporção dourada. Num mundo caracterizado pela perda de Unidade a que a própria condição da encarnação obriga, num mundo caracterizado por opostos, buscamos no outro complementaridade… na maioria das vezes buscamos o preenchimento que vem da carência de não sermos capazes de nos dar Amor. Procuramos assim, alguém que nos dê amor, segurança, estrutura, alimento, felicidade e até... identidade. Passamos para alguém a responsabilidade de nos dar aquilo que em nós não somos capazes de encontrar. Raramente pensamos no que levamos para um relacionamento… mas sabemos o que esperamos dele.

Simbolicamente, é em Balança que, depois de termos percorrido os primeiros seis signos do zodíaco, estamos prontos para nos relacionarmos com o outro, atraindo através da relação o que desenvolvemos, valorizamos, integrámos, criámos nos cinco primeiros signos. É a aprendizagem dos e nos relacionamentos. É a vivência do espelhamento – é-nos devolvido através da projecção, quem também somos e não sabemos ou não queremos saber. E, por isso, a maioria das vezes os relacionamentos são um campo fértil de desafios que nos possibilitam viver as maiores aprendizagens. E porque não aprendemos a relacionarmo-nos connosco, porque não aceitamos ou ocultamos partes de nós, porque não nos amamos, cruzamo-nos nos relacionamentos com as nossas maiores sombras. Ao longo do percurso deixamos que demasiadas sombras tapem a nossa luz. E tudo aquilo que não somos capazes de aceitar como uma parte nós, acaba por ganhar demasiada importância e começa a espreitar em cada esquina, em cada relação. Carl Jung afirmou; “Uma pessoa não se torna iluminada a imaginar figurinhas de luz. Uma pessoa torna-se iluminada ao tornar a escuridão consciente”. Este tornar a escuridão consciente é darmo-nos a nós próprios a oportunidade de levar luz à nossa escuridão, em vez de nos identificarmos com ela ou fingirmos que não existe. Tudo é energia e a nossa energia magnetiza a nossa experiência – atraímos experiências da mesma qualidade energética que emitimos. Os relacionamentos objectivam a nossa própria subjectividade, o que temos de aprender, ensinar, transmutar. Enquanto não nos colocarmos no lado da causa, jamais mudaremos os efeitos… e a dor, frustração, desilusão, estarão sempre presentes.

 Em Balança temos de decidir… pelo caminho do meio. Caminho do meio que sai dos extremos do “eu” e do “outro”, sozinho (Carneiro) ou fundamentado por alguém (Balança). Não somos nós ou os outros, somos nós e os outros. Costumo dizer que uma relação é como um filho – não é o pai ou a mãe, é uma outra entidade que se criou a partir de, e que é mais que. É aqui que entra Úrano como regente da Alma. Úrano vem trazer a tónica da liberdade. Quando duas pessoas se relacionam em liberdade, há uma ampliação relacional. São companheiras de caminho – cada um É individualizado (e não individualista) dentro da relação, cada um tem o seu caminho de volta à Unidade e a relação promove crescimento consciente a ambos. É por isso que Balança é tantas vezes conotada com a indecisão, com a eterna permanência “em cima do muro”. Tem consciência da Alma, de Úrano, mas para se equilibrar precisa da forma. O medo de perder, de estar sozinha, fá-la perder-se num relacionamento, fá-la precisar de um relacionamento para Ser, fá-la acreditar que a sua identidade depende de estar com alguém. Com Carneiro tem de aprender a decidir, a agir… a sair de cima do muro.

Há uns meses escrevi “(…) Em todos nós vive uma criança formada a partir das memórias das nossas vivências pessoais. É a nossa criança interior. No fundo, a criança interior representa a forma como percepcionámos o mundo, como recebemos o mundo. A criança interior é aquela que ficou registada no nosso inconsciente a partir da nossa memória das vivências pessoais. Todos queríamos ser especiais para as pessoas que amávamos. Todos queríamos colo. Todos queríamos protecção. E há aqueles que tiveram e nunca chegava, queriam sempre mais. E há aqueles que pouco ou nada tiveram e habituaram-se a isso, como se não merecessem. Muitas vezes, não tem a ver com aquilo que nos foi dado, tem a ver com a maneira como por nós foi recebido e o que fazemos com isso, de que forma é que utilizamos as experiências para alavancar a vida. Todos somos humanos, ninguém teve pais perfeitos, andou numa escola perfeita ou se relacionou com seres perfeitos. De uma forma ou de outra, em maior ou menor grau, muitos sentiram-se mal-amados, negligenciados, ou excessivamente criticados, ou rigidamente disciplinados, ou superprotegidos ou…ou...ou. .
 
Os aspectos vulneráveis e carentes da criança que fomos um dia levam-nos a desenvolver maneiras de nos protegermos e compensar necessidades que não foram preenchidas. Nós crescemos, tornamo-nos adultos, mas essa criança com necessidades não preenchidas continua lá, não cresce. E é essa criança ferida que aparece em muitos momentos da nossa vida, em muitos relacionamentos. O mundo é um espelho. Quando estamos num relacionamento que nos devolve uma imagem de nós distorcida e pequenina, a pergunta não é “ porque é que a outra pessoa faz isto?” A pergunta é “o que é que me leva a estar com uma pessoa que me diminui e distorce o tamanho?” As respostas vão ser variadas. Não há boas ou más respostas.

É preciso validar a nossa criança interior, é preciso validar a sua dor para podermos encontrar a sua alegria, a sua criatividade, todo o seu potencial. É preciso encontrar a nossa criança Divina. Acredito que é absolutamente necessário amá-la. É aqui que encontramos o Amor Maior, dentro de nós próprios. Amarmo-nos, aceitarmos toda a nossa luz e toda a nossa escuridão, é sem dúvida o maior Amor de todos. E esta aceitação abre espaço para sermos o que viemos para Ser.”

 
Quando somos o que viemos para Ser, estamos no caminho do Amor.

 

Deixo um texto de uma amiga, a Cristina Leal, que faz um excelente trabalho na área dos relacionamentos. Fica aqui também a ligação para o seu blog Entre Nós
 

“A Magia da Reciprocidade

 
Não detenho fórmulas, antídotos ou receitas do “bem” e do “mal” amar, sei no entanto que parte da minha vida foi enredada em desamores que por medo e ilusão de segurança, queria manter a todo o custo.

Apesar de saber a cada inspiração que nada me acrescentavam, hoje, distanciada percebo que fizeram parte da aprendizagem a que o Amor, de uma ou de outra forma a todos submete.

Costumo afirmar com alguma certeza que esta é uma dura aprendizagem. Na maioria dos casos, obriga-nos a andar descalços de relação em relação, tornando nossos os fragmentos do outro e oferecendo-lhe os nossos, convencidos que a junção de ambas as fragmentações nos tornará inteiros.

Entre mentiras e distorções, está escondidinho o Amor, fechado no ‘útero-da-nossa-essência’ , onde ainda não amadureceu o suficiente para ser por nós parido. E, este é o tempo onde batemos verdadeiros records na arte de viver relações individualistas (não disse individualizadas, ok?), desprovidas de qualquer tipo de reciprocidade.

O que é então reciprocidade?

Este tema foi tratado pelo filósofo Hegel, no início do séc. XIX, que considerava a reciprocidade como o “tipo de relação entre dois termos que permite a cada um deles ser efetivamente ele próprio, conservar a sua identidade”.

Poderíamos até ficar ‘só’ por aqui, mas a magia da reciprocidade, reside não só em “conservar a nossa identidade” em relação, mas também em ousar partilhá-la genuinamente com o outro.

Reside em respeitar o que é mútuo, sem qualquer obrigação, fazendo-o naturalmente a partir da vontade voluntária de construir a dois Verdade, Confiança e transparência.

Reside em respeitar a liberdade de cada UM, respeitando as suas escolhas.

Reside em interessar-se verdadeiramente pelo outro, abrindo espaço em si para acolhê-lo sem reservas.    

Reside em Amar, sentindo-se amado.

Em respeitar, sentindo-se respeitado.

Em mimar, sentindo-se mimado.

Em escutar, sentindo-se escutado.

Em tocar para além da pele e sentir-se tocado também.

Reside na certeza que podemos criar relações saudáveis, frescas, arejadas, inalando a cada inspiração o perfume dos laços profundos e indestrutíveis   que a só a reciprocidade a dois tem a magia de saber manter nesta longa aprendizagem que é a VIDA e o AMOR. “

 
Frases de Balança:

Personalidade: "Que se faça a Escolha"

Alma: "Eu elejo o caminho que conduz a duas grandes linhas de força".
 

Vera Braz Mendes       

 

 

 

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

"Quando oferecemos amor, recebemos amor".

 
 
 
 
"Quando oferecemos amor, recebemos amor" - Foram estas as palavras da rapariga que se tornou um símbolo da mobilização de 15 de Setembro. No passado tivemos cravos como símbolo, agora temos abraços.
 

Hoje, quando lia alguns textos sobre a quadratura Plutão/Úrano, sobre o tempo que vivemos, sobre a profunda transformação que todos estamos a passar, lembrei-me de Vénus. Lembrei-me do aspecto que Vénus fez ao Sol no dia 5 e 6 de Junho. Lembrei-me do Amor no Coração do Sol, texto que escrevi sobre esse aspecto maravilhoso de Vénus. O texto mais lido e partilhado neste blogue. Na verdade, tudo passa tão rápido que a maioria de nós já se esqueceu do mês de Junho… já está bem longe. Muito se escreveu na altura sobre Vénus Cazimi. O acontecimento astronómico teve até direito a ser visto em directo através da NASA. Noticiários, facebook, não se falava de outra coisa…

Fenómeno raro e cuja especialidade todos intuímos como alguma coisa muito boa. Meditámos, acreditámos… a caixa de Pandora abriu-se e, de novo, a esperança despertou.

Hoje, enquanto lia alguns textos sobre o momento que vivemos, vi a fotografia da jovem a abraçar um polícia durante a manifestação de 15 de Setembro. Lembrei-me de Vénus, do artigo e fui reler. O Universo é mágico, simplesmente É!

Nesse transito de Vénus ao Sol alguma coisa finalizou (fechou-se um pentagrama) e alguma coisa iniciou. Não é incrível que o símbolo mais partilhado da manifestação seja uma foto com uma mensagem de Amor? Não é incrível que possamos ver na manifestação os símbolos sabeus do grau 16 e 17 de Gémeos (graus do aspecto de Vénus ao Sol do dia 6 de Junho) - o arquétipo de Gémeos, o dois, a consciência e instintos… amor e medo…, tendo prevalecido o Amor? Passado  -  revolta, agressividade, conflito - e Presente e Futuro - AMOR. Não é MÁGICO? 

Se no passado tivémos cravos como simbolo, agora temos abraços. Portugal, os portugueses são mágicos  e a magia está nas escolhas que fazemos como Seres. Penso que já fizémos a nossa.
 
Deixo-vos parte do artigo que escrevi no final de Maio aqui e podem lê-lo na íntegra neste
 
link
 
Este é realmente um trânsito especial de Vénus. Se olharmos para o símbolo sabeu do grau onde Vénus se encontra no coração do Sol, consciencializamos a grandeza do significado. E nele, no símbolo, encontro o significado também do completar da estrela de cinco pontas. Para Pitágoras, o pentagrama era considerado o símbolo da perfeição. Assim, quando o pentagrama se fecha no momento em que Vénus se junta ao Sol, é um momento de perfeição Divina. Para os pitagóricos a estrela representa a sabedoria e o conhecimento. A Estrela de cinco pontas é também um símbolo que designa o homem espiritual, o indivíduo dotado de alma. A ponta superior da Estrela é a cabeça humana, a mente. As demais pontas são os braços e as pernas. As cinco pontas da Estrela lembram ainda os cinco sentidos que estabelecem uma ponte para a comunicação da alma com o mundo material. É um momento significativo para todos e especialmente para quem tem energias perto do grau 16 dos signos mutáveis (gémeos, virgem, sagitário e peixes) e também em Balança e Aquário (trigono) e Carneiro e Leão (sextil). Espero que seja um momento profundo, para mim também, que tenho o Sol a 17 de Gémeos.

No Símbolo sabeu do grau 16 está presente a necessidade de exteriorizar o conhecimento, a sabedoria… levar consciência aos que ainda não despertaram. Apesar dos aspectos tensos que vamos ter e temos tido no Céu, e apesar do símbolo poder sugerir contestação social, acredito, ainda assim, que impregnar o Rei (Sol, autoridade) em cada um de nós com o Amor de Vénus em Gémeos, disponibilizando sabedoria e conhecimento a todos, permitirá que acordemos e nos expressemos de uma forma venusiana para que a velha ordem de poder seja substituída por uma mais justa, harmoniosa, amorosa. O símbolo do grau 17, sugere e reforça uma transformação por meio da proliferação de conhecimentos de uma forma calma e consistente. Os dois símbolos representam de alguma forma o arquétipo geminiano, o dois, os dois lados sempre presentes - um lado instintivo e outro consciente. Será, creio eu, uma oportunidade de síntese. Uma elevação de nível de consciência, só possível através do Amor.”

 

 


Vera Braz Mendes

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Outono Quente avizinha-se... ou adivinha-se

 
 

 

A partir de 19 de Setembro teremos a segunda das sete quadraturas entre Úrano e Plutão que ocorrem entre 2012 e 2015.  

Com Marte em Escorpião, Plutão a retomar o movimento directo e Saturno a finalizar a sua estadia em Balança, transitando também para escorpião no dia 6 de Outubro, temos as condições para um “Outono quente”. Este ano, Outono antecipado, se olharmos para os acontecimentos políticos da semana passada e, pela primeira vez, a resposta inequívoca da sociedade, das pessoas, no dia da Lua Nova de Virgem. E foi uma resposta da sociedade civil ao apelo da mudança, da transformação, onde não se viu uma bandeira partidária, onde não se viram ou ouviram os normais slogans sindicais. Plutão e Úrano estarão de novo em quadratura exacta no céu a partir de dia 19 de Setembro - não nos esqueçamos que haverá nova mobilização popular no dia 21.

Como já escrevi anteriormente, as nossas estruturas de poder, quer político, quer económico, quer social, fazem parte de um velho pressuposto, um velho barco cujo casco com rombos enormes, tenta ser salvo desesperadamente por alguns que tentam tapá-los … com pastilhas elásticas... e já nos doem os maxilares de tantas pastilhas mascarmos para taparmos o que precisa urgentemente ser desnudado. A necessidade de mudança, aliás, o apelo que cada um de nós sente pela transformação, mais ou menos consciente, é vivido por cada um e por todos das mais variadas formas. Esta quadratura (o primeiro aspecto exacto foi na semana de 24 Junho 2012) representa a tensão e o embate de duas forças poderosas; Úrano em Carneiro - impulso renovador e revolucionário, a aceleração, a urgente necessidade de mudanças, a necessidade de integração de novos arquétipos. Plutão em Capricórnio - necessidade de regeneração da velha ordem de poder, das estruturas que não servem mais e que são incapazes de trazer evolução, quer sejam económicas, políticas ou sociais.

Como é hábito, deixo um olhar do que se passa no Céu e na Terra à luz dos Símbolos Sabeus do livro Uma Mandala Astrológica de Dane Rudhyar. No entanto, deixo-vos uma pequena introdução aos símbolos através de parágrafos que tomei a liberdade de escolher do mesmo livro.

“O Zodíaco como um todo constitui uma mandala. Há mandalas temporais, assim como espaciais. O ciclo de transformação estudado neste livro é uma mandala temporal. Tem ritmo, bem como forma. Toda a língua/linguagem e, em particular, todo poema, também tem ritmo e forma. Os 360 símbolos sabeus são palavras de um vasto poema cósmico cujo significado transcende as imagens, frequentemente banais, visualizadas pelo clarividente. (…)

A experiência humana configura-se como essencialmente ciclíca e se desdobra de acordo com princípios de carácter estrutural. Por mais variadas que possam afigurar-se, as experiências dos homens se encontram, não obstante, dentro dos limites de uma série daquilo que se poderia denominar significados “arquetípicos”. (…)

Mais uma vez, isso não significa que a pessoa não possa experimentar uma grande variedade de eventos. Ela pode ter muitos pensamentos e experiências. Mas experimentar eventos é uma coisa; obter deles significados de cunho vital e criativo é outra. O que importa, espiritualmente falando, é a colheita de significados que a pessoa é capaz de fazer a partir dessas múltiplas e variadas experiências. Por esta razão, uma vida eivada de eventos não é necessariamente a vida mais rica em significados (…).

Em termos genéricos, o homem é organicamente limitado; na qualidade de individuo livre e criativo, contudo, ele pode romper o “círculo da natureza além do qual não se pode passar” e tornar-se parte actuante no interior de um organismo mais amplo, ficando, por conseguinte, vitalizado pelo poder dessa vida mais ampla. Em termos genéricos, colectivos e culturais, a pessoa tem, aberto diante de si, um dado conjunto de significados, que se destina a ser por ela incorporados na sua experiência real. A série de símbolos pictoriais do I Ching chinês, bem como a série de 360 símbolos sabeus remetem precisamente a esse “conjunto de significados” – condicionado por factores colectivos e controlado pelo Inconsciente colectivo da raça e cultura dos indivíduos.

(…) O importante reside no facto da série de símbolos dever trazer ordem e significado a algo que, com muita frequência, parece uma confusa e caótica sequência de eventos vitais, mediante a revelação do significado, qualidade, direcção e propósito de toda a situação desconcertante com que o consulente pareça incapaz de lidar com sucesso por meio de julgamentos racionais. (…)”.

 

Símbolos Sabeus da segunda quadratura  (Úrano a 7 Carneiro e Plutão a 7 de Capricórnio)

 

Úrano - 7º Carneiro

 

“Um Homem logra expressar-se simultaneamente em dois reinos”

Ideia Básica: A primeira compreensão da natureza dual do Homem e das possibilidades que implica.

Este símbolo representa a antítese da tese ilustrada na Fase 6; no entanto, vemos, numa tal sequência de 5 fases, contraste, e não oposição. A unilateralidade primordial da manifestação emocional e cultural exige, com efeito, a capacidade compensatória de operar em dois níveis. Daí advém o dualismo primário Céu-Terra, divino-humano, espírito-matéria. A visão e as emoções são focalizadas no interior de fronteiras rigorosamente definidas, mas no interior dessas fronteiras, elas se expressam em dois níveis. Trata-se do fundamento da religião, assim como da magia.

Uma situação caracterizada por este símbolo pode ser enfrentada com sucesso se as suas implicações materiais e espirituais forem compreendias e actualizadas.

Neste segundo estágio da segunda sequência de cinco estágios, vemos em acção a capacidade do homem no sentido de viver duas vidas distintas – e de encontrar realização e alegria nas duas. Dessa capacidade advêm muitas das complexidades que a natureza humana apresenta.”

 

Plutão – 7 Capricórnio

 

“Um profeta envolto num véu, tomado pelo poder de um Deus, fala.

Ideia básica: A capacidade de agir como porta-voz da revelação de uma vontade e de uma verdade transcendentes que determinarão a acção futura.

Testemunhamos aqui a mais profunda manifestação do Poder que opera no âmbito de todas as unidades sociais dotadas de um grau relativo de permanência, em especial no nível da organização tribal. Uma tribo configura-se como um todo biopsíquico (ou organismo) integrado por um Poder superfísico de carácter colectivo. Na tradição hebraica, esse Deus é YHWH (Iahweh – Jeová); em tribos anteriores, pode ter sido um “grande Ancestral” mais ou menos mítico deificado. Todos esses deuses tribais são manifestações locais do próprio poder de “Vida” que se acha no interior da bioesfera terrestre. Esse poder deificado “tomou” em termos psíquicos homens ou mulheres especialmente sensíveis ou treinados de forma espiritual, que se tornaram seus porta-vozes – profetas, videntes, oráculos. Esse poder opera também nos nossos dias, mas sob formas diferentes, graças à individualização e intelectualização da consciência do homem moderno. Ele reúne colectividades sociais organizadas e ajuda a manter a integração. Ele guia o seu desenvolvimento por meio da libertação e da focalização, feitas através de pessoas especialmente abertas, da expectativa visionara de desenvolvimentos que estão prestes a ocorrer.

Neste segundo estágio do 56º subciclo, o futuro interage com o presente para libertá-lo do poder inercial do passado. Assim sendo, este símbolo contrasta com o precedente. No limiar do amanhã, permite-se ao homem a visão ou revelação dos elementos essenciais do próximo passo, até agora desconhecido, da evolução. A palavra chave é MEDIAÇÃO.”

 

Lembro que a primeira quadratura entre os dois planetas se deu no grau 9 de Carneiro e Capricórnio:

 

9º Carneiro

"Um visor de cristal.

Ideia básica: O desenvolvimento de uma compreensão interna de totalidade orgânica.

A esfera de cristal simboliza a totalidade. No interior da esfera, as imagens tomam forma. Essas imagens podem revelar eventos futuros, mas, o que é mais significativo, descrevem "a situação como um todo" - a situação que se espera que o clarividente interprete. As faculdades mentais nascentes que operam por entre emoções ainda dominantes (ou incentivos culturais colectivos) agem como um poder centralizador e gerador de totalidade. A inteligência percebe, em sua concentração, a função de todo o impulso interno e de eventos externos no campo aberto de uma "personalidade" ainda não nublada pelo egoísmo.

Neste quarto estágio da sequência de cinco fases, a nova técnica exigida para o desenvolvimento da consciência individualizada é revelada: Atenção concentrada.

 

9º Capricórnio

 
"Um anjo portando uma harpa.

Ideia básica: A revelação do significado e propósitos espirituais que se acha no cerne de toda a situação de vida.

Esse quadro nos diz, simplesmente, "o céu está dentro de nós". Tudo o que temos de fazer é nos mantermos abertos e ouvirmos a harmonia total da vida, uma harmonia na qual desempenhamos um papel necessário à inteireza e ao significado do todo. Para fazê-lo, temos de renunciar à nossa divisa consciência do ego e fluir junto com a corrente universal que, para a pessoa de mentalidade religiosa, é a Vontade de Deus.

Este é o quarto símbolo da série. A técnica que ele implica é a da sintonia com o ritmo da vida universal. Os anjos devem ser considerados personalizações dos vários aspectos dessa vida e totalmente submissos aos seus ritmos e propósitos.”
 
 
Nota: De forma muito genérica, uma quadratura é o nome que se dá ao aspecto (fase da relação) de 90º que dois pontos (planetas) estão a fazer dentro dos 360º do zodíaco. A quadratura tem sempre a ver com tensão, dificuldades que têm de ser superadas. Embora seja considerada um “aspecto difícil” devido à enorme tensão e esforço a que obriga, é, no entanto, um aspecto de construção e implica acção.

 

 

 

Vera Braz Mendes

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Virgem

 
 
Virgem “Eu Sou a Mãe e o Filho, Eu Sou Deus, Eu Sou a matéria”.

 
 

 
 
 

“ … E era de manhã quando Deus parou diante das suas doze crianças e em cada uma delas plantou a semente da vida humana. Uma por uma, dirigiram-se a Ele para receber a sua dádiva. (…)

A ti Virgem, peço uma análise de tudo o que o homem tem feito com a minha Criação. Examinarás os seus caminhos minuciosamente e os lembrarás dos seus erros, para que através de ti a Minha Criação possa ser aperfeiçoada. Para isto dou-te a dádiva da pureza de pensamento.

E Virgem retornou ao seu lugar. (…)” In Os Nódulos Lunares de Martin Schulman


Virgem é o sexto signo do zodíaco. Signo mutável de terra, geralmente representado por uma mulher jovem segurando uma espiga... É o final do Verão, o tempo para a colheita e a colheita torna necessária a separação do trigo do joio.

Se em Leão encontramos o Eu Sou, a especialidade em nós, o poder de expressar a Criação, em Virgem encontramos a bênção do serviço, a dádiva de pôr o Eu Sou ao serviço de um sistema maior.

Estamos a meio do caminho e, antes de chegarmos a Balança, ao relacionamento com o outro, e depois de percorrermos os cinco primeiros signos, é em virgem que separamos o “trigo do joio da nossa colheita”, separamos o que é útil do que não é útil, o que é funcional do que não é funcional… eliminamos o que já não é necessário… aprimoramo-nos, aperfeiçoamo-nos, refinamo-nos para podermos servir. Costumo dizer que em Virgem aprendemos a construir uma “peneira” e só passa pela peneira a areia fina, limpa de detritos… No corpo humano Virgem tem ligação aos intestinos. Se pensarmos no processo digestivo, este não é mais do que a transformação e integração do que é necessário e vai para o sangue do que não é necessário e é eliminado. É fundamental esta discriminação “digestiva” para podermos sobreviver, é crucial a mesma discriminação em relação ao que sentimos, pensamos, vemos, ouvimos… para podermos Viver. Corpo e mente influenciam-se mutuamente. Este é o trabalho de Virgem e, para isso, conta com Mercúrio, seu regente. Se em Gémeos o trabalho do mensageiro alado dos Deuses é relacionar, aprender e partilhar conhecimento, em Virgem o trabalho é analisar, discriminar, tornar eficiente, optimizar os recursos… Se a discriminação leva ao discernimento, ela é também o lado sombra de virgem… estar constantemente atento ao que precisa ser reciclado leva ao hiper-criticismo e perpétua a sensação de que alguma coisa tem de ser melhorada, aperfeiçoada… nada é suficientemente bom… nós não somos suficientemente bons.

A análise, o detalhe, a dissecação excessiva aprisiona Virgem na folha e tira-a da floresta. É com Peixes, o signo oposto, que Virgem aprende a equilibrar estes excessos… aprende sobre compaixão, aprende sobre totalidade… Uma gotinha de água pode ser segura e conhecida detalhadamente, mas o mar traz muito mais possibilidades.

Ao nível da personalidade, regida por Mercúrio, a vibração de Virgem reforça o Touro, há um aprisionamento da forma. Ao nível da Alma, Virgem, regida pela Lua, distribui os recursos, alimenta, Serve. A Rainha Santa Isabel representa bem este arquétipo de Virgem – Mãe servidora alimentando quem precisa. Amor-Sabedoria alimentado por um ideal.

 

Frases de Virgem:

Personalidade – “Que a matéria reine”

Alma – “Eu Sou a Mãe e o Filho, Eu Sou Deus, Eu Sou a matéria”. (O filho é o Cristo Interno que se expressa como corpo e espírito).
 
 
Vera Braz Mendes