segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Outono Quente avizinha-se... ou adivinha-se

 
 

 

A partir de 19 de Setembro teremos a segunda das sete quadraturas entre Úrano e Plutão que ocorrem entre 2012 e 2015.  

Com Marte em Escorpião, Plutão a retomar o movimento directo e Saturno a finalizar a sua estadia em Balança, transitando também para escorpião no dia 6 de Outubro, temos as condições para um “Outono quente”. Este ano, Outono antecipado, se olharmos para os acontecimentos políticos da semana passada e, pela primeira vez, a resposta inequívoca da sociedade, das pessoas, no dia da Lua Nova de Virgem. E foi uma resposta da sociedade civil ao apelo da mudança, da transformação, onde não se viu uma bandeira partidária, onde não se viram ou ouviram os normais slogans sindicais. Plutão e Úrano estarão de novo em quadratura exacta no céu a partir de dia 19 de Setembro - não nos esqueçamos que haverá nova mobilização popular no dia 21.

Como já escrevi anteriormente, as nossas estruturas de poder, quer político, quer económico, quer social, fazem parte de um velho pressuposto, um velho barco cujo casco com rombos enormes, tenta ser salvo desesperadamente por alguns que tentam tapá-los … com pastilhas elásticas... e já nos doem os maxilares de tantas pastilhas mascarmos para taparmos o que precisa urgentemente ser desnudado. A necessidade de mudança, aliás, o apelo que cada um de nós sente pela transformação, mais ou menos consciente, é vivido por cada um e por todos das mais variadas formas. Esta quadratura (o primeiro aspecto exacto foi na semana de 24 Junho 2012) representa a tensão e o embate de duas forças poderosas; Úrano em Carneiro - impulso renovador e revolucionário, a aceleração, a urgente necessidade de mudanças, a necessidade de integração de novos arquétipos. Plutão em Capricórnio - necessidade de regeneração da velha ordem de poder, das estruturas que não servem mais e que são incapazes de trazer evolução, quer sejam económicas, políticas ou sociais.

Como é hábito, deixo um olhar do que se passa no Céu e na Terra à luz dos Símbolos Sabeus do livro Uma Mandala Astrológica de Dane Rudhyar. No entanto, deixo-vos uma pequena introdução aos símbolos através de parágrafos que tomei a liberdade de escolher do mesmo livro.

“O Zodíaco como um todo constitui uma mandala. Há mandalas temporais, assim como espaciais. O ciclo de transformação estudado neste livro é uma mandala temporal. Tem ritmo, bem como forma. Toda a língua/linguagem e, em particular, todo poema, também tem ritmo e forma. Os 360 símbolos sabeus são palavras de um vasto poema cósmico cujo significado transcende as imagens, frequentemente banais, visualizadas pelo clarividente. (…)

A experiência humana configura-se como essencialmente ciclíca e se desdobra de acordo com princípios de carácter estrutural. Por mais variadas que possam afigurar-se, as experiências dos homens se encontram, não obstante, dentro dos limites de uma série daquilo que se poderia denominar significados “arquetípicos”. (…)

Mais uma vez, isso não significa que a pessoa não possa experimentar uma grande variedade de eventos. Ela pode ter muitos pensamentos e experiências. Mas experimentar eventos é uma coisa; obter deles significados de cunho vital e criativo é outra. O que importa, espiritualmente falando, é a colheita de significados que a pessoa é capaz de fazer a partir dessas múltiplas e variadas experiências. Por esta razão, uma vida eivada de eventos não é necessariamente a vida mais rica em significados (…).

Em termos genéricos, o homem é organicamente limitado; na qualidade de individuo livre e criativo, contudo, ele pode romper o “círculo da natureza além do qual não se pode passar” e tornar-se parte actuante no interior de um organismo mais amplo, ficando, por conseguinte, vitalizado pelo poder dessa vida mais ampla. Em termos genéricos, colectivos e culturais, a pessoa tem, aberto diante de si, um dado conjunto de significados, que se destina a ser por ela incorporados na sua experiência real. A série de símbolos pictoriais do I Ching chinês, bem como a série de 360 símbolos sabeus remetem precisamente a esse “conjunto de significados” – condicionado por factores colectivos e controlado pelo Inconsciente colectivo da raça e cultura dos indivíduos.

(…) O importante reside no facto da série de símbolos dever trazer ordem e significado a algo que, com muita frequência, parece uma confusa e caótica sequência de eventos vitais, mediante a revelação do significado, qualidade, direcção e propósito de toda a situação desconcertante com que o consulente pareça incapaz de lidar com sucesso por meio de julgamentos racionais. (…)”.

 

Símbolos Sabeus da segunda quadratura  (Úrano a 7 Carneiro e Plutão a 7 de Capricórnio)

 

Úrano - 7º Carneiro

 

“Um Homem logra expressar-se simultaneamente em dois reinos”

Ideia Básica: A primeira compreensão da natureza dual do Homem e das possibilidades que implica.

Este símbolo representa a antítese da tese ilustrada na Fase 6; no entanto, vemos, numa tal sequência de 5 fases, contraste, e não oposição. A unilateralidade primordial da manifestação emocional e cultural exige, com efeito, a capacidade compensatória de operar em dois níveis. Daí advém o dualismo primário Céu-Terra, divino-humano, espírito-matéria. A visão e as emoções são focalizadas no interior de fronteiras rigorosamente definidas, mas no interior dessas fronteiras, elas se expressam em dois níveis. Trata-se do fundamento da religião, assim como da magia.

Uma situação caracterizada por este símbolo pode ser enfrentada com sucesso se as suas implicações materiais e espirituais forem compreendias e actualizadas.

Neste segundo estágio da segunda sequência de cinco estágios, vemos em acção a capacidade do homem no sentido de viver duas vidas distintas – e de encontrar realização e alegria nas duas. Dessa capacidade advêm muitas das complexidades que a natureza humana apresenta.”

 

Plutão – 7 Capricórnio

 

“Um profeta envolto num véu, tomado pelo poder de um Deus, fala.

Ideia básica: A capacidade de agir como porta-voz da revelação de uma vontade e de uma verdade transcendentes que determinarão a acção futura.

Testemunhamos aqui a mais profunda manifestação do Poder que opera no âmbito de todas as unidades sociais dotadas de um grau relativo de permanência, em especial no nível da organização tribal. Uma tribo configura-se como um todo biopsíquico (ou organismo) integrado por um Poder superfísico de carácter colectivo. Na tradição hebraica, esse Deus é YHWH (Iahweh – Jeová); em tribos anteriores, pode ter sido um “grande Ancestral” mais ou menos mítico deificado. Todos esses deuses tribais são manifestações locais do próprio poder de “Vida” que se acha no interior da bioesfera terrestre. Esse poder deificado “tomou” em termos psíquicos homens ou mulheres especialmente sensíveis ou treinados de forma espiritual, que se tornaram seus porta-vozes – profetas, videntes, oráculos. Esse poder opera também nos nossos dias, mas sob formas diferentes, graças à individualização e intelectualização da consciência do homem moderno. Ele reúne colectividades sociais organizadas e ajuda a manter a integração. Ele guia o seu desenvolvimento por meio da libertação e da focalização, feitas através de pessoas especialmente abertas, da expectativa visionara de desenvolvimentos que estão prestes a ocorrer.

Neste segundo estágio do 56º subciclo, o futuro interage com o presente para libertá-lo do poder inercial do passado. Assim sendo, este símbolo contrasta com o precedente. No limiar do amanhã, permite-se ao homem a visão ou revelação dos elementos essenciais do próximo passo, até agora desconhecido, da evolução. A palavra chave é MEDIAÇÃO.”

 

Lembro que a primeira quadratura entre os dois planetas se deu no grau 9 de Carneiro e Capricórnio:

 

9º Carneiro

"Um visor de cristal.

Ideia básica: O desenvolvimento de uma compreensão interna de totalidade orgânica.

A esfera de cristal simboliza a totalidade. No interior da esfera, as imagens tomam forma. Essas imagens podem revelar eventos futuros, mas, o que é mais significativo, descrevem "a situação como um todo" - a situação que se espera que o clarividente interprete. As faculdades mentais nascentes que operam por entre emoções ainda dominantes (ou incentivos culturais colectivos) agem como um poder centralizador e gerador de totalidade. A inteligência percebe, em sua concentração, a função de todo o impulso interno e de eventos externos no campo aberto de uma "personalidade" ainda não nublada pelo egoísmo.

Neste quarto estágio da sequência de cinco fases, a nova técnica exigida para o desenvolvimento da consciência individualizada é revelada: Atenção concentrada.

 

9º Capricórnio

 
"Um anjo portando uma harpa.

Ideia básica: A revelação do significado e propósitos espirituais que se acha no cerne de toda a situação de vida.

Esse quadro nos diz, simplesmente, "o céu está dentro de nós". Tudo o que temos de fazer é nos mantermos abertos e ouvirmos a harmonia total da vida, uma harmonia na qual desempenhamos um papel necessário à inteireza e ao significado do todo. Para fazê-lo, temos de renunciar à nossa divisa consciência do ego e fluir junto com a corrente universal que, para a pessoa de mentalidade religiosa, é a Vontade de Deus.

Este é o quarto símbolo da série. A técnica que ele implica é a da sintonia com o ritmo da vida universal. Os anjos devem ser considerados personalizações dos vários aspectos dessa vida e totalmente submissos aos seus ritmos e propósitos.”
 
 
Nota: De forma muito genérica, uma quadratura é o nome que se dá ao aspecto (fase da relação) de 90º que dois pontos (planetas) estão a fazer dentro dos 360º do zodíaco. A quadratura tem sempre a ver com tensão, dificuldades que têm de ser superadas. Embora seja considerada um “aspecto difícil” devido à enorme tensão e esforço a que obriga, é, no entanto, um aspecto de construção e implica acção.

 

 

 

Vera Braz Mendes

4 comentários:

  1. Vera,

    Excelente. Parabéns. Posso usar um excerto no texto que estou a terminar sobre a 'recepção mútua'?

    Muito agradecido.

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  2. Vera que maravilha! Irei voltar novamente...quero absorver bem suas palavras...adorei.
    Beijos
    Astrid Annabelle

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