segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Balança - Espelho mágico


 
 
E chegámos a Balança (Libra). Signo cardeal, do elemento Ar e regido por Vénus, ocupa a sétima casa no Zodíaco natural, casa exactamente oposta à primeira, o Ascendente, representado por Carneiro. Se Carneiro e a primeira casa representam o Sol nascente, a força do impulso do romper do dia, toda a energia, vitalidade, possibilidade que cada novo alvorecer traz, Libra e a sétima casa, representam o Sol poente e todos os ensinamentos da experiência concreta vivida. Como já escrevi anteriormente, quando pensamos em Balança pensamos em justiça, parceria, relação a dois, relações sociais… Arte. É a busca da harmonia, do equilíbrio. Na justiça, na arte ou nos relacionamentos buscamos harmonia, buscamos proporção – a proporção dourada. Num mundo caracterizado pela perda de Unidade a que a própria condição da encarnação obriga, num mundo caracterizado por opostos, buscamos no outro complementaridade… na maioria das vezes buscamos o preenchimento que vem da carência de não sermos capazes de nos dar Amor. Procuramos assim, alguém que nos dê amor, segurança, estrutura, alimento, felicidade e até... identidade. Passamos para alguém a responsabilidade de nos dar aquilo que em nós não somos capazes de encontrar. Raramente pensamos no que levamos para um relacionamento… mas sabemos o que esperamos dele.

Simbolicamente, é em Balança que, depois de termos percorrido os primeiros seis signos do zodíaco, estamos prontos para nos relacionarmos com o outro, atraindo através da relação o que desenvolvemos, valorizamos, integrámos, criámos nos cinco primeiros signos. É a aprendizagem dos e nos relacionamentos. É a vivência do espelhamento – é-nos devolvido através da projecção, quem também somos e não sabemos ou não queremos saber. E, por isso, a maioria das vezes os relacionamentos são um campo fértil de desafios que nos possibilitam viver as maiores aprendizagens. E porque não aprendemos a relacionarmo-nos connosco, porque não aceitamos ou ocultamos partes de nós, porque não nos amamos, cruzamo-nos nos relacionamentos com as nossas maiores sombras. Ao longo do percurso deixamos que demasiadas sombras tapem a nossa luz. E tudo aquilo que não somos capazes de aceitar como uma parte nós, acaba por ganhar demasiada importância e começa a espreitar em cada esquina, em cada relação. Carl Jung afirmou; “Uma pessoa não se torna iluminada a imaginar figurinhas de luz. Uma pessoa torna-se iluminada ao tornar a escuridão consciente”. Este tornar a escuridão consciente é darmo-nos a nós próprios a oportunidade de levar luz à nossa escuridão, em vez de nos identificarmos com ela ou fingirmos que não existe. Tudo é energia e a nossa energia magnetiza a nossa experiência – atraímos experiências da mesma qualidade energética que emitimos. Os relacionamentos objectivam a nossa própria subjectividade, o que temos de aprender, ensinar, transmutar. Enquanto não nos colocarmos no lado da causa, jamais mudaremos os efeitos… e a dor, frustração, desilusão, estarão sempre presentes.

 Em Balança temos de decidir… pelo caminho do meio. Caminho do meio que sai dos extremos do “eu” e do “outro”, sozinho (Carneiro) ou fundamentado por alguém (Balança). Não somos nós ou os outros, somos nós e os outros. Costumo dizer que uma relação é como um filho – não é o pai ou a mãe, é uma outra entidade que se criou a partir de, e que é mais que. É aqui que entra Úrano como regente da Alma. Úrano vem trazer a tónica da liberdade. Quando duas pessoas se relacionam em liberdade, há uma ampliação relacional. São companheiras de caminho – cada um É individualizado (e não individualista) dentro da relação, cada um tem o seu caminho de volta à Unidade e a relação promove crescimento consciente a ambos. É por isso que Balança é tantas vezes conotada com a indecisão, com a eterna permanência “em cima do muro”. Tem consciência da Alma, de Úrano, mas para se equilibrar precisa da forma. O medo de perder, de estar sozinha, fá-la perder-se num relacionamento, fá-la precisar de um relacionamento para Ser, fá-la acreditar que a sua identidade depende de estar com alguém. Com Carneiro tem de aprender a decidir, a agir… a sair de cima do muro.

Há uns meses escrevi “(…) Em todos nós vive uma criança formada a partir das memórias das nossas vivências pessoais. É a nossa criança interior. No fundo, a criança interior representa a forma como percepcionámos o mundo, como recebemos o mundo. A criança interior é aquela que ficou registada no nosso inconsciente a partir da nossa memória das vivências pessoais. Todos queríamos ser especiais para as pessoas que amávamos. Todos queríamos colo. Todos queríamos protecção. E há aqueles que tiveram e nunca chegava, queriam sempre mais. E há aqueles que pouco ou nada tiveram e habituaram-se a isso, como se não merecessem. Muitas vezes, não tem a ver com aquilo que nos foi dado, tem a ver com a maneira como por nós foi recebido e o que fazemos com isso, de que forma é que utilizamos as experiências para alavancar a vida. Todos somos humanos, ninguém teve pais perfeitos, andou numa escola perfeita ou se relacionou com seres perfeitos. De uma forma ou de outra, em maior ou menor grau, muitos sentiram-se mal-amados, negligenciados, ou excessivamente criticados, ou rigidamente disciplinados, ou superprotegidos ou…ou...ou. .
 
Os aspectos vulneráveis e carentes da criança que fomos um dia levam-nos a desenvolver maneiras de nos protegermos e compensar necessidades que não foram preenchidas. Nós crescemos, tornamo-nos adultos, mas essa criança com necessidades não preenchidas continua lá, não cresce. E é essa criança ferida que aparece em muitos momentos da nossa vida, em muitos relacionamentos. O mundo é um espelho. Quando estamos num relacionamento que nos devolve uma imagem de nós distorcida e pequenina, a pergunta não é “ porque é que a outra pessoa faz isto?” A pergunta é “o que é que me leva a estar com uma pessoa que me diminui e distorce o tamanho?” As respostas vão ser variadas. Não há boas ou más respostas.

É preciso validar a nossa criança interior, é preciso validar a sua dor para podermos encontrar a sua alegria, a sua criatividade, todo o seu potencial. É preciso encontrar a nossa criança Divina. Acredito que é absolutamente necessário amá-la. É aqui que encontramos o Amor Maior, dentro de nós próprios. Amarmo-nos, aceitarmos toda a nossa luz e toda a nossa escuridão, é sem dúvida o maior Amor de todos. E esta aceitação abre espaço para sermos o que viemos para Ser.”

 
Quando somos o que viemos para Ser, estamos no caminho do Amor.

 

Deixo um texto de uma amiga, a Cristina Leal, que faz um excelente trabalho na área dos relacionamentos. Fica aqui também a ligação para o seu blog Entre Nós
 

“A Magia da Reciprocidade

 
Não detenho fórmulas, antídotos ou receitas do “bem” e do “mal” amar, sei no entanto que parte da minha vida foi enredada em desamores que por medo e ilusão de segurança, queria manter a todo o custo.

Apesar de saber a cada inspiração que nada me acrescentavam, hoje, distanciada percebo que fizeram parte da aprendizagem a que o Amor, de uma ou de outra forma a todos submete.

Costumo afirmar com alguma certeza que esta é uma dura aprendizagem. Na maioria dos casos, obriga-nos a andar descalços de relação em relação, tornando nossos os fragmentos do outro e oferecendo-lhe os nossos, convencidos que a junção de ambas as fragmentações nos tornará inteiros.

Entre mentiras e distorções, está escondidinho o Amor, fechado no ‘útero-da-nossa-essência’ , onde ainda não amadureceu o suficiente para ser por nós parido. E, este é o tempo onde batemos verdadeiros records na arte de viver relações individualistas (não disse individualizadas, ok?), desprovidas de qualquer tipo de reciprocidade.

O que é então reciprocidade?

Este tema foi tratado pelo filósofo Hegel, no início do séc. XIX, que considerava a reciprocidade como o “tipo de relação entre dois termos que permite a cada um deles ser efetivamente ele próprio, conservar a sua identidade”.

Poderíamos até ficar ‘só’ por aqui, mas a magia da reciprocidade, reside não só em “conservar a nossa identidade” em relação, mas também em ousar partilhá-la genuinamente com o outro.

Reside em respeitar o que é mútuo, sem qualquer obrigação, fazendo-o naturalmente a partir da vontade voluntária de construir a dois Verdade, Confiança e transparência.

Reside em respeitar a liberdade de cada UM, respeitando as suas escolhas.

Reside em interessar-se verdadeiramente pelo outro, abrindo espaço em si para acolhê-lo sem reservas.    

Reside em Amar, sentindo-se amado.

Em respeitar, sentindo-se respeitado.

Em mimar, sentindo-se mimado.

Em escutar, sentindo-se escutado.

Em tocar para além da pele e sentir-se tocado também.

Reside na certeza que podemos criar relações saudáveis, frescas, arejadas, inalando a cada inspiração o perfume dos laços profundos e indestrutíveis   que a só a reciprocidade a dois tem a magia de saber manter nesta longa aprendizagem que é a VIDA e o AMOR. “

 
Frases de Balança:

Personalidade: "Que se faça a Escolha"

Alma: "Eu elejo o caminho que conduz a duas grandes linhas de força".
 

Vera Braz Mendes       

 

 

 

13 comentários:

  1. Muito expressivo, bem narrado e muito aprofundado. O signo das delicadezas. Muito bom.

    Parabéns.

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  2. Muito Bom Vera!
    a tónica de Balança expresa de forma bela e com o foco na essência destas energias de, e que, em todos nós aguardam uma expressão consciente e assumida de Amor!
    Um beijinho,
    Fernanda

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  3. Brilhante!!!Obrigado.
    António

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  4. Boa noite minha querida Vera!
    Já li seu texto por três vezes de tanto que gostei...me identifiquei com vários momentos e esse em especial:
    "Os aspectos vulneráveis e carentes da criança que fomos um dia levam-nos a desenvolver maneiras de nos protegermos e compensar necessidades que não foram preenchidas. Nós crescemos, tornamo-nos adultos, mas essa criança com necessidades não preenchidas continua lá, não cresce. E é essa criança ferida que aparece em muitos momentos da nossa vida, em muitos relacionamentos. O mundo é um espelho. Quando estamos num relacionamento que nos devolve uma imagem de nós distorcida e pequenina, a pergunta não é “ porque é que a outra pessoa faz isto?” A pergunta é “o que é que me leva a estar com uma pessoa que me diminui e distorce o tamanho?” As respostas vão ser variadas. Não há boas ou más respostas."
    Aprendi ao vivo e a cores a diferença que faz quando fazemos a pergunta apropriada...
    Adorei.Parabéns. Você sabe que sou sua fã!
    Beijos
    Astrid Annabelle

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    1. Vim ler novamente e igualmente, novamente, digo...adorei!
      Beijo grande Vera.
      Astrid Annabelle

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    2. Vim Reler! Adorável este seu texto Vera!
      Beijo grande
      Astrid Annabelle

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    3. Querida Astrid! Obrigada por me (re)leres.

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  5. Muito bom! só não percebo porque demorei um ano a sentar-me para o ler!? Obrigada!

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