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segunda-feira, 11 de junho de 2012

Tenho em mim todas as sombras do mundo







Tenho em mim todas as sombras do mundo. E elas vêm… tantas vezes elas vêm. Estou no meio e observo. E continuo no meio… Tanta luz, tantas verdades, promessas… tantas trevas. E eu estou humanamente no meio. Quero luz, quero brilho, quero Deus… quero o Deus em mim… mas tenho em mim todas as sombras do mundo! Sei o que não sinto. Sinto o que não sei. Sei o que sei e sinto. Na confusão desisto, desarmo, perco-me e encontro-me.

Tudo o que observo é projecção minha. Não há excepções. Sou eu a contadora de histórias, a manipuladora de significados. A sombra sempre esteve atrás de mim. Quando olho apenas para a luz… não a vejo. Se estiver mergulhada na escuridão… também não a vejo. Percebo-a pela projecção. Aumento-a pelo significado. E é na mudança de significado que construo a ponte que me guia à liberdade.

A verdadeira guerra não é lá fora, é cá dentro. A verdadeira prisão não tem grades nem muros. A cabeça explode e o coração aquieta-se. O coração sabe.

Humanamente no meio, descobri que a sombra é um campo fértil. No mergulho sem máscara descubro quem também sou e ainda não sabia. Descubro o que impede, o que aprisiona, o que ilude… Exponho-me e descubro a curadora ferida. Na exposição vislumbro a magnificência…


Na busca do conhecimento todos os dias adquiro. Na busca da totalidade todos os dias deixo alguma coisa para trás. E é assim que encontro em mim, também, todos os sonhos do mundo.


“Tive um sonho que me assustou e me animou ao mesmo tempo. Era de noite, e encontrava-me num lugar desconhecido. Avançava com dificuldade contra um vento forte. Uma densa bruma cobria tudo. Nas minhas mãos em forma de taça, tinha uma débil luz que ameaçava extinguir-se a todo o momento. A minha vida dependia dessa débil luz, que eu protegia preciosamente. De repente, tive a impressão de que algo avançava atrás de mim. Olhei para trás e apercebi-me da forma gigantesca de um ser que me seguia. Mas ao mesmo tempo estava consciente de que, apesar do meu terror, devia proteger a minha luz através das trevas e contra o vento. Ao acordar dei-me conta que a forma monstruosa era a minha sombra, formada pela pequena chama que tinha acendido no meio da tempestade. Sabia também que aquela frágil luz era a minha consciência. A única que possuía, confrontada com o poder das trevas, era uma luz, a minha única luz”  - Recuerdos, Sueños e Pensamientos – Carl Jung


Vera Braz Mendes